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15/12/2025
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Quando as cores pensam: Genie Espinosa e a nova imagem da longevidade

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Há ideias que transformam um conceito. 

 

E há olhares que o tornam visível.

 

A colaboração entre o CENIE e a artista Genie Espinosa pertence a essa categoria excecional em que a ciência e a arte se reconhecem mutuamente como linguagens necessárias.

 

Porque a longevidade, para além dos indicadores e dos relatórios, precisa de uma estética própria, de uma narrativa que emocione, que comunique e que faça sentir às pessoas que a sua história — a história de viver mais — também lhes pertence.

 

Durante 2025, o projeto “O que não cabe em palavras, cabe em cores” transformou a comunicação visual do CENIE num território novo: uma cartografia de emoções, símbolos e personagens que permitiu traduzir o pensamento científico sobre a longevidade numa narrativa visual vibrante, inclusiva e contemporânea.

 

Pelo seu alcance, pela sua potência simbólica e pela sua coerência com a filosofia da Longevidade Consciente, esta colaboração consolidou-se como um dos Destaques do Ano.

 

A artista que colore o futuro
 

Genie Espinosa (Barcelona, 1984) pertence a essa geração de criadoras que devolveram à ilustração o seu poder social.

 

As suas imagens — protagonizadas por corpos diversos, cores elétricas e rostos de geometria impossível — rompem com as hierarquias visuais tradicionais: o belo e o raro, o forte e o frágil, o jovem e o maduro convivem no mesmo plano, sem fronteiras.

 

A sua obra foi publicada em meios internacionais como Wired, Vice, The New York Times ou Das Magazine, e colaborou com marcas como Nike, Apple ou Spotify.

 

Mas a sua força não está na lista de encomendas: está na sua capacidade de revelar a humanidade através da cor.

 

Ilustrar para o CENIE — explicou na apresentação do projeto — é uma oportunidade para aprender sobre vidas longevas e saúde. Um tema que me parece fascinante e que precisa de mais visibilidade.”

 

No seu trabalho para o CENIE, Genie Espinosa criou uma ponte entre a linguagem do conhecimento e a da emoção. O seu traço não ilustra os textos: interpreta-os.

 

Cada linha funciona como uma metáfora visual dos grandes temas da longevidade: o tempo, o corpo, a identidade, a memória e a comunidade.

 

O que não cabe em palavras
 

O projeto toma o seu nome de uma certeza: há coisas que só a arte pode explicar.

 

Na era dos dados, as cores de Genie Espinosa tornaram-se uma forma de pensamento, uma maneira de devolver a dimensão sensível aos conceitos que sustentam o trabalho do CENIE.

 

As suas ilustrações acompanham os artigos da Bitácora do CENIE e os relatórios científicos sobre esperança de vida saudável, ação comunitária, economia dos cuidados ou envelhecimento ativo. Mas mais do que acompanhar, dialogam com eles: traduzem em imagens o que os textos expressam em análise.

 

Onde a linguagem se torna técnica, a ilustração abre uma porta para o entendimento comum.

 

E essa é, precisamente, a sua potência: converter o conhecimento em emoção partilhada.

 

Cada peça é um exercício de síntese.

 

Um rosto que se expande como uma constelação representa a saúde como equilíbrio.

 

Um conjunto de mãos entrelaçadas converte o cuidado em arquitetura coletiva.

 

Um olho que flutua sobre um mar de formas geométricas expressa a ideia central da longevidade consciente: olhar a vida com atenção e ternura, sem medo da passagem do tempo.

 

Na série publicada em 2025, as suas imagens conseguiram algo que poucas campanhas institucionais alcançam: fazer sentir ao público que a longevidade não é uma estatística, mas uma história que também fala deles.

 

Uma estética para a longevidade
 

O valor desta colaboração não se mede apenas pela sua qualidade artística, mas pelo seu significado estratégico.

 

O CENIE leva anos a impulsionar uma transformação cultural: passar do discurso do envelhecimento ao da longevidade; do olhar assistencial ao olhar ativo; do medo da passagem do tempo à celebração das suas possibilidades.

 

Genie Espinosa foi, neste sentido, a artista idónea para construir uma nova iconografia.

 

As suas cores transbordam os limites tradicionais da representação da idade: não há cinzentos nem estereótipos, mas vitalidade, desejo e diversidade.

 

As suas personagens não são jovens nem velhas; são humanas. E essa neutralidade simbólica é o seu maior feito: fazer da longevidade uma categoria inclusiva, onde cabem todas as idades.

 

A arte, quando se alia à investigação, pode mudar a perceção coletiva.

 

Num tempo saturado de informação, o CENIE demonstrou que comunicar ciência também pode ser um ato poético.

 

O impacto de um olhar distinto
 

A colaboração com Genie Espinosa redefiniu o modo como o CENIE se comunica com a sociedade.

 

Permitiu ampliar o alcance do discurso da longevidade para públicos mais jovens, conectando a reflexão científica com a sensibilidade contemporânea.

 

Ofereceu uma nova gramática visual: uma linguagem de cor e forma que traduz valores complexos — como bem-estar, equidade ou interdependência — em símbolos universais.

 

Contribuiu para romper o estigma visual da velhice, mostrando que a vida extensa não é uma perda, mas uma expansão do horizonte vital.

 

Cada publicação do CENIE em 2025 levou consigo essa marca gráfica: uma identidade visual coerente, audaz, luminosa.

 

Por isso este projeto não é apenas mais uma colaboração: é a própria visualização da missão do CENIE.

 

Arte, ciência e esperança
 

A aliança entre o CENIE e Genie Espinosa encarna uma ideia central do nosso tempo: que o futuro da longevidade se constrói também a partir da criatividade.

 

Se os cientistas medem e analisam, os artistas dão forma ao imaginário coletivo que torna possível a mudança.

 

E nessa interseção, o CENIE encontrou em Genie Espinosa uma companheira de viagem imprescindível.

 

A sua obra recorda que as sociedades longevas não se definem apenas por quanto tempo vivem, mas por como imaginam a vida.

 

Porque há coisas — como a plenitude, a ternura ou o sentido — que não cabem nos relatórios, mas sim nas cores.

 

Por isso, O que não cabe em palavras, cabe em cores não é apenas um lema: é uma declaração de princípios.

 

E uma das razões pelas quais esta colaboração ocupa o seu lugar entre os grandes Destaques do Ano do CENIE: porque nos ensinou a olhar com outros olhos a vida que ainda temos pela frente.